terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Conferência de Dom Lefebvre Florence - 15 de fevereiro de 1975




Conferência de Dom Lefebvre
Florence - 15 de fevereiro de 1975 
Conferência de Dom Lefebvre

Florence - 15 de fevereiro de 1975

Esta noite, falarei da Missa de Lutero e da Missa do novo rito. Por que essa comparação entre a Nova Missa e a Missa de Lutero? Porque a história o diz; a história objetiva não é criação minha. (Sua Excia. mostra então um livro sobre Lutero, publicado em 1911, “DO LUTERANISMO AO PROTESTANTISMO” de Léon Cristiani) Ele fala sobre a reforma litúrgica de Lutero. Trata-se de um livro escrito em um tempo, em que o autor nem conhecia nossa crise, nem o novo rito; portanto não foi escrito com segundas intenções.

Primeiramente desejo fazer uma síntese dos princípios fundamentais da Missa, para trazer à nossa memória a beleza, a profunda grandeza espiritual de nossa Missa, o lugar que nossa Missa ocupa na Santa Igreja. Que coisa mais bela Nosso Senhor legou à humanidade, que coisa mais preciosa, mais santa concedeu à Sua Santa Igreja, à Igreja sua Esposa, no Calvário, quando morria na Cruz? Foi o Sacrifício de si mesmo.

O Sacrifício de si mesmo. Sua própria Pessoa, que continua seu Sacrifício. Ele o deu à Igreja, quando morreu na Cruz. A partir desse momento, esse Sacrifício estava destinado a continuar, a perseverar através dos séculos, como Ele o havia instituído, juntamente com o Sacerdócio.

Quando na Santa Ceia, Jesus instituiu o Sacerdócio, Ele o instituiu para o Sacrifício, o Sacrifício da Cruz, porque esse Sacrifício é a fonte de todos os méritos, de todas as graças, de todos os Sacramentos; a fonte de toda a riqueza da Igreja. Isso devemos recordar, ter sempre presente essa realidade, divina realidade.

Portanto, é o Sacrifício da Cruz que se renova sobre nossos altares, e o Sacerdócio está em relação com ele, em relação essencial com esse Sacrifício. Não se compreende o Sacerdócio sem o Sacrifício, porque o Sacerdócio foi feito para o Sacrifício. Poder-se-ia dizer também: é a Encarnação de Jesus Cristo, séculos a fora: usque ad finem temporum (1) , o Sacrifício da Missa será oferecido.

Se Jesus Cristo quis esse Sacrifício, quis também ser nele a vítima, uma vez que é o Sacrifício da Cruz que continua, Ele quis que a vítima fosse sempre a mesma, quis ser Ele próprio a vítima. Para ser a vítima, Ele tem que estar presente, verdadeiramente presente nos nossos altares. Se Ele não estiver presente, se não houver a Presença Real nos nossos altares, não haverá vítima, não haverá Sacerdócio. Tudo está ligado: Sacerdócio, Sacrifício, Vítima, Presença Real, portanto TRANSUBSTANCIAÇÃO.

Aí está “o coração” do tesouro – o maior, o mais rico – que Nosso Senhor concedeu à Sua Esposa, a Igreja e a toda a humanidade. Assim podemos compreender que, quando Lutero quis transformar, mudar esses princípios, começou por combater o Sacerdócio; como o fazem os modernistas. Pois Lutero bem sabia que se o Sacerdócio desaparecesse, não mais haveria Sacrifício, não mais haveria Vítima, não haveria mais nada na Igreja, não mais haveria a fonte das graças.

Como procedeu Lutero para dizer que não haveria mais Sacerdócio? Dizendo: “Não existe diferença entre padres e leigos. O Sacerdócio é universal”. Tais eram as idéias que ele propagava. Ele dizia que há três muros de defesa cercando a Igreja. O primeiro muro é essa diferença entre padres e leigos. (Sua Excia. então lê): “A descoberta de que o Papa, os bispos, os padres, os religiosos compõem o Estado Eclesiástico, ao passo que os príncipes, os senhores, os artesãos, os camponeses formam o estado secular, é pura invenção, uma mentira”. Essa diferença entre padres e leigos é então uma invenção, uma mentira. Eis o que diz Lutero: “Na realidade, todos os cristãos pertencem ao estado eclesiástico”. Não há diferença, a não ser a diferença de funções, de serviço. Todos têm o Sacerdócio a partir do Batismo; têm-no em razão do caráter batismal, todos os cristãos são padres e os padres não têm um caráter especial, não há um sacramento especial para os padres, mas seu caráter sacerdotal lhes vem do caráter do Batismo. Assim também se explica esta laicização dos padres; eles não querem mais ter uma veste particular, não querem mais se distinguir dos fiéis, porque todos são padres; e são os fiéis que devem escolher os padres, eleger os seus padres.

Tais foram os princípios de Lutero, que prossegue: “Se um Papa ou um Bispo confere a unção, faz tonsuras, ordena, consagra ou dá uma veste diferente aos leigos ou aos padres, está criando enganadores”. Todos são consagrados padres, a partir do Batismo. Os progressistas do nosso tempo não descobriram novidades.

Há um novo livro sobre os Sacramentos, aparecido em janeiro deste ano em Paris, sob a autoridade do Arcebispo, o Cardeal Marty. Saiu há pouco. Seus autores descobriram oito sacramentos, não mais sete, porque o oitavo sacramento é a profissão religiosa. Eles dizem claramente, nesse livro, que todos os fiéis são padres e que o caráter sacerdotal vem do caráter do Batismo. Os autores, por certo, devem ter lido Lutero, transformado para eles em Padre da Igreja.

Lutero deu também outro passo à frente, após a supressão do Sacerdócio. Ele não acreditou mais na Transubstanciação, nem no Sacrifício. E disse claramente que a Missa não é um Sacrifício. A Missa é uma Comunhão. Podemos então chamar a Missa de Comunhão, Ceia, Eucaristia, tudo, menos Sacrifício. Não há, portanto, Vítima, nem Presença Real, mas apenas uma presença espiritual, uma recordação ou comunhão. Foi por isso que Lutero sempre combateu as Missas privadas; foi uma das primeiras coisas feitas por ele, porque uma Missa privada não é uma Comunhão. É preciso que os fiéis comunguem. A Missa privada, então, não está conforme a verdade, é preciso suprimir todas as Missas privadas.

Ele chamava a Eucaristia de “Sacramento do Pão”. A Eucaristia, (dizia ele), tornou-se uma lamentável maldade. Essa “maldade” da Missa provém de terem feito dela um Sacrifício. Somos forçados a constatar que não se fala mais de Sacrifício da Missa nos boletins diocesanos ou paroquiais, mas de Eucaristia, de Comunhão, de Ceia. Que singular semelhança com as teses de Lutero!

Além disso, Lutero faz ainda uma distinção entre os fins do Sacrifício da Missa. Ele diz que um dos fins do Sacrifício da Missa é render graças a Deus. A Eucaristia é um SACRIFICIUM LAUDIS, mas não um SACRIFICIUM EXPIATIONIS, não um Sacrifício de expiação, mas de louvor, de eucaristia. Por isso é que se certos protestantes ainda falam de Sacrifício, nunca o é no sentido de sacrifício expiatório, que remite os pecados. No entanto se trata de um dos principais fins do Sacrifício da Missa, a remissão dos pecados.

Por isso é que os protestantes modernos aceitam o novo rito da Missa, porque, dizem eles, (isso saiu publicado em uma revista da Diocese de Estrasburgo, noticiando uma reunião de protestantes da Confissão de Augsburgo), agora, com o novo rito, é possível rezar com os católicos. (L’Eglise en Alsace de 8-12-1973 e 1-1-1974). “De fato, com as atuais formas de celebração eucarística da Igreja Católica, e com as presentes convergências teológicas, muitos obstáculos que podiam impedir que um protestante participasse da celebração eucarística estão desaparecendo e agora vai se tornando possível reconhecer na celebração eucarística católica, a Ceia instituída pelo Senhor. Temos à disposição novas orações eucarísticas, que têm a vantagem de apresentar variações à Teologia do Sacrifício”. Isso é evidente! Há duas semanas atrás, estando eu na Inglaterra, soube que um bispo anglicano adotou, ultimamente, o novo rito católico para toda a sua diocese. E declarou: “Este novo rito é muito conforme com as nossas idéias protestantes.” É pois evidente que para os protestantes, não há mais dificuldades para admitir o novo rito. Por que eles não tomam o antigo rito? Foi o que o Senhor Salleron perguntou aos padres de Taizé: “Por que dizeis que hoje podeis admitir este novo rito e não o antigo?” Portanto há uma diferença entre o novo e o antigo e esta diferença é essencial; não é uma diferença acidental, porque eles não aceitam usar o antigo rito, com todas as orações dotadas de precisão e que esclarecem realmente a finalidade do Sacrifício: propiciatório, expiatório, eucarístico e latrêutico. Esta é a finalidade do Sacrifício da Missa católica que, claro no antigo rito, não o é mais no novo rito, porque não há mais Ofertório. E é também por isso que Lutero não quis Ofertório no rito dele.

Vejamos como Lutero inaugurou sua nova Missa, sua reforma. A primeira missa evangélica foi levada a efeito na noite de 24 para 25 de dezembro de 1521. Nessa primeira missa evangélica, depois da pregação sobre a Eucaristia, eles falaram sobre a Comunhão sob as duas espécies como obrigatória e sobre a Confissão como inútil, bastando a fé. A seguir, Karlstadt, seu discípulo, apresentou-se no altar, com vestes seculares, recitou o Confiteor, começou a Missa como era antes, mas somente até o Evangelho; o Ofertório e a Elevação foram supressos (pág.282), o que quer dizer que tudo o que significava idéia de Sacrifício foi retirado. Após a Consagração veio a Comunhão e muitos assistentes haviam bebido e comido e até tomado aguardente, antes de comungar; comungaram sob as duas espécies e o pão consagrado, (dado) nas mãos.

Uma das hóstias escapole e cai em cima da roupa de um assistente. Um padre a recolhe. Uma outra cai no chão e Karlstadt diz aos leigos para apanhá-la; e como eles se recusam, por respeito ou temor, ele declara: “Que ela permaneça onde está, pouco importa, contanto que não se pise em cima”. Pouco depois ele próprio a apanhou (pág.282). Muitos leigos, inúmeras pessoas estavam contentes com a novidade e eram muitos os que vinham assistir a essa nova Missa evangélica, porque uma parte era dita em língua alemã, e eles diziam que compreendiam melhor. Então os mosteiros começaram a se esvaziar. Lutero tinha declarado: “Eu conservarei o meu hábito, meu modo de me apresentar como monge”, mas muitos monges saíram; alguns ficaram nos mosteiros, mas a maioria se casou. Reinava grande anarquia entre os padres. Cada um celebrava sua missa como queria. O Concelho não sabia mais o que fazer (pág.285), tomando então a resolução de fixar uma nova liturgia, de não mais deixar a liberdade e de por um pouco de ordem. A maneira de celebrar a Missa deveria ser então a seguinte: Intróito, Glória, Epístola, Evangelho, Sanctus. Depois havia uma pregação; Ofertório e Cânon ficavam supressos; o padre então pronunciava a instituição da Ceia, que ele proferia, em voz alta, em alemão e distribuía a Comunhão sob as duas espécies. Depois vinha o Agnus Dei e o Benedicamus Domino, para terminar.

As modificações da Consagração introduzidas no Novus Ordo são semelhantes às que foram introduzidas por Lutero; as palavras essenciais da Consagração não são mais unicamente as palavras da forma, tais como sempre tinham sido conhecidas: “HOC EST CORPUS MEUM. HIC EST CALIX SANGUINIS MEI,” e as palavras que lhe seguem. Não! A partir de então, as palavras essenciais começam nos seguintes termos: “Ele tomou o pão”, até as palavras após a consagração do vinho: “HOC FACITE IN MEAM COMMEMORATIONEM”. Lutero disse a mesma coisa. Por que? Porque se lê a narrativa da Ceia. “É uma narrativa, não uma ação, não um Sacrifício, não uma ação sacrifical, mas um simples memorial”. Por qual razão nossos inovadores o copiaram de Lutero?

Lutero diz também: “As Missas e as Vigílias estão encerradas. O Ofício será conservado, assim como as Matinas, as Horas menores, as Vésperas, Completas, mas somente o Ofício ferial. Não se comemorará mais santo algum que não esteja expressamente nomeado na Escritura”. Desse modo, ele mudou completamente o Calendário, exatamente como foi feito atualmente (pág.309).

Donde podemos concluir: A atual transformação é idêntica à de Lutero. Um último exemplo, o das palavras da Consagração do pão: “HOC EST CORPUS MEUM, QUOD PRO VOBIS TRADETUR”. Também Lutero acrescentou essas últimas palavras, porque, justamente são palavras da Ceia, pois ele pretendia que a Ceia não fosse um Sacrifício, mas uma refeição.

Ora, o Concílio de Trento diz explicitamente: Quem disser que a Ceia não é um Sacrifício seja anátema. A Ceia foi um Sacrifício. E nossa Missa é a continuação da Ceia, porque a Ceia foi um Sacrifício. Isso já se constata na separação prévia do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. O Sacrifício já estava significado por essa separação, no entanto Lutero afirma: “Não. A Ceia não é um Sacrifício”, é por isso que nós devemos repetir todas as palavras que Nosso Senhor disse na Ceia, ou seja: “HOC EST CORPUS MEUM QUOD PRO VOBIS TRADETUR”, que será entregue por vós sobre a Cruz.

Por que imitar tão servilmente a Lutero na Nova Missa? A única razão que se pode aduzir é a do Ecumenismo. Pois sem esse motivo, nada se pode compreender dessa reforma. Ela não tem absolutamente vantagem alguma, nem teológica, nem pastoral. Nenhuma vantagem a não ser a de nos aproximar dos protestantes. Podemos legitimamente pensar, que foi por isso que os protestantes foram convidados para a Comissão da Reforma Litúrgica; para ficarmos sabendo se estavam satisfeitos ou não, ou se havia alguma coisa que lhes não agradava, se eles podiam ou não rezar conosco. Eu penso que não pode existir outro motivo para esta presença dos protestantes na Comissão de reforma da Missa. Mas como podemos pensar que protestantes, que não têm nossa fé, possam ser convidados para uma Comissão destinada a fazer uma reforma de nossa Missa, de nosso Sacrifício, daquilo que temos de mais belo, de mais rico em toda a Igreja, o objeto mais perfeito de nossa fé?!

Lutero, em janeiro de 1526, promoveu a impressão de um novo ritual para as cerimônias da Missa. No seu pensamento, ele queria a liberdade total. E dizia (pág.314): “Se possível, eu gostaria de dar total liberdade aos padres, para fazerem o rito que quiserem; mas há o perigo de abusos, então é preciso estabelecer regras”. Seu pensamento, porém era de liberdade total. E também de igualdade entre os padres e os fiéis. E assim, todos os fiéis sendo padres, poderiam, também eles, ter idéias de como criar o culto. Então, todos juntos, aqueles que são padres, aqueles que têm uma função especial, aqueles que são escolhidos dentre os fiéis, todos juntos podem demonstrar sua criatividade no culto.

Mas como era um pouco difícil, acabaria havendo bastante desordem, então ele escreveu um ritual. Nessa ocasião ele dizia também: “O uso do latim é facultativo”. Ele não era absolutamente contra o latim. Queria até que as crianças aprendessem latim. Mas também dizia: “O desejo dos leigos comuns de ter uma Missa em alemão é perfeitamente legítimo. Contudo há pessoas que vão à Igreja para ver novidade, para ver coisas novas. Esses, no entanto, não são verdadeiros cristãos, são curiosos, como se fossem aos turcos ou aos pagãos.

Nos domingos se celebra a Missa. Mas Lutero conserva a palavra Missa com certa repugnância. As vestes sagradas, as velas são ainda mantidas provisoriamente. Começa-se com o Intróito em alemão, depois o Kyrie, depois uma Oração cantada pelo celebrante, ainda voltado para o altar, não para o povo. Mas para a Epístola e para o Evangelho, cantados em alemão, se voltará para o povo, quando então todos cantam o Credo em língua vulgar (pág.316).

O celebrante dirá uma paráfrase do Pater, uma exortação à Comunhão, depois vem a Consagração, que será cantada, em alemão, assim: “Na noite em que foi traído, Nosso Senhor Jesus Cristo tomou o pão, rendeu graças e o partiu e apresentou a seus discípulos e disse: Tomai e comei, isto é o meu Corpo que é dado por vós”. – HOC EST CORPUS MEUM QUOD PRO VOBIS TRADETUR; estas são as palavras exatas –. “Fazei isto todas as vezes que o fizerdes, em memória de mim. Do mesmo modo, Ele tomou também o cálice, após a Ceia e disse: Tomai e bebei dele todos, este é o cálice, um novo Testamento em meu Sangue, que é derramado por vós, para a remissão dos pecados”. Não disse PRO VOBIS ET PRO MULTIS, fez desaparecer as palavras PRO MULTIS e também MYSTERIUM FIDEI. (pág. 317)

Mysterium fidei e pro multis desapareceram... “Que é derramado por vós, para a remissão dos pecados, fazei isso todas as vezes que beberdes esse cálice em memória de mim”. Essas palavras que Lutero dizia ser a consagração, portanto as palavras essenciais, correspondem exatamente às palavras do documento da Congregração do Culto. A única expressão a mais é pro multis, que restou no documento do Vaticano. Mas todas as palavras, assim como as que são ditas antes: “Na noite em que foi traído, Nosso Senhor tomou o pão”, essas palavras não são da forma; nunca a Igreja disse que as palavras, que precedem a Consagração, fazem parte da forma do Sacramento.

Depois da elevação, que Lutero conservou até 1542, vinha a Comunhão na mão. Uma última oração – a coleta – terminava a Missa como a Postcomunio dos católicos (págs.317-318).

Evidentemente Lutero não aceitou o celibato e lutou contra os votos dos religiosos. Ele queria o fim desses costumes da Igreja. Mas, coisa bastante curiosa, ele sempre teve certo medo das reformas que ele tinha feito. Seus discípulos iam na vanguarda, mais depressa do que ele; ele sempre estava um pouco ansioso. Dizia a seus discípulos: “Eu condeno a nova prática de dar a Eucaristia de mão em mão, bem como o uso irrefletido da Comunhão sob as duas espécies”. Isso nos primeiros tempos, depois ele aceitou; mas logo de começo lhe parecia que essa Comunhão na mão não era boa coisa.

Depois de ter dito que a Confissão não era necessária, mesmo para aqueles que tinham pecados graves, hesitou e disse: “A Confissão é boa, mas se o Papa me pedir para me confessar, eu me recusarei a fazê-lo, eu não me quero confessar. Nem por isso eu aceito que alguém me proíba essa confissão secreta. Eu não a cederei nem por todos os tesouros da terra, porque eu sei o que ela já me proporcionou de força e de consolação...”

Lutero estava roído de remorsos, no entanto vivia devorado pela necessidade de fazer novidades, de mudar tudo, de ir contra o Papa, contra a Igreja Romana, contra o dogma. Por isso ele continuou sua reforma.

É evidente que a reforma litúrgica atual se inspira na reforma de Lutero. Eu disse isso, em Roma, a muitos Cardeais: “Vossa nova Missa é a Missa de Lutero!” A isso me foi respondido: “Mas então ela é herética!” E eu respondi: “Não, ela não é herética, mas é ambígua, equívoca, pois um pode celebrá-la com a fé católica integral do Sacrifício, da Presença Real, da Transubstanciação e outro pode celebrá-la sem ter essa intenção e, nesse caso, a Missa não será mais válida. As palavras que ele pronuncia e os gestos que ele faz não o contradizem. Ela é equívoca, sim, equívoca. E certamente Lutero, durante muitos anos, a celebrou validamente, quando ele ainda não estava contra o Sacrifício, quando ele era ainda mais ou menos católico. Porém, mais tarde, quando ele recusou o Sacrifício, o Sacerdócio, a Presença Real, então sua Missa passou a não ter mais validade.

Mas como uma Missa pode ser assim equívoca? É impossível fazer isso com o antigo rito, porque ele é claro, ele é claro. O Ofertório todo diz com clareza o que nós realizamos. O Ofertório é uma verdadeira definição do Sacrifício da Missa. Por isso é que Lutero era contra o Ofertório, porque ele era por demais claro, e foi por isso que ele fez aquelas mudanças no Cânon para não deixar perceber se é uma narração ou uma ação; mas nós, nós sabemos que a Consagração é uma ação sacrifical.

Eles sabem que em nossos antigos Missais, antes do Communicantes, está escrito INFRA ACTIONEM, pois não se trata de uma narração, nem de um memorial, uma simples recordação. É uma ação. Uma ação sacrifical.

Todas essas mudanças no novo rito são realmente perigosas, porque, pouco a pouco, sobretudo para os padres novos, que não têm mais a idéia do Sacrifício, da Presença Real, da Transubstanciação, para os quais tudo isso não significa mais nada, esses padres novos perdem a intenção de fazer o que a Igreja faz, e não celebram mais missas válidas; não há mais a Presença Real.

Certamente os padres idosos, quando celebram conforme o novo rito, conservam ainda a fé de sempre. Celebraram a Missa no antigo rito, durante tantos anos, que conservam as mesmas intenções; então se pode crer que a Missa deles é válida. Mas na medida em que essas intenções se vão, desaparecem, nessa mesma medida as Missas deixarão de ser válidas.

Eles quiseram se aproximar dos protestantes, mas foram os católicos que se tornaram protestantes e não os protestantes que se tornaram católicos. Isso é evidente, ninguém pode dizer o contrário.

Quando cinco Cardeais e quinze Bispos compareceram ao “Concílio dos Jovens”, em Taizé, como esses jovens poderiam saber o que é catolicismo e o que é protestantismo? Alguns receberam a Comunhão das mãos dos protestantes, outros dos católicos.

Quando o Cardeal Willebrands esteve em Genebra, no Concelho Ecumênico das Igrejas, declarou: “Temos que reabilitar Lutero”.Ele o disse, como enviado da Santa Sé.

Vede a Confissão. Em que se transformou a Confissão, o Sacramento da Penitência, com essa absolvição coletiva? É acaso pastoral esse modo de dizer aos fiéis: “Nós demos a absolvição coletiva, os senhores podem comungar; quando tiverem oportunidade, se tiverem pecados graves, confessem-se no prazo de seis meses a um ano...” Quem pode dizer que esse modo de proceder é pastoral? Que idéia se poderá fazer do pecado grave?

E a Confirmação. O Sacramento da Confirmação também está numa situação idêntica. Realmente eu penso que as palavras do livro dos Sacramentos da Comissão do Arcebispo de Paris, que constituem a forma, tornam o Sacramento inválido. Por que? Porque não há mais a significação do Sacramento na forma. O Bispo, quando confere o Sacramento da Confirmação, diz: “Signo te, signo Crucis et confirmo te Chrismate salutis, in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti” e “CONFIRMO TE CHRISMATE SALUTIS”. A Confirmação: “CONFIRMO TE.”

Agora estão dizendo: “Eu te assinalo com a Cruz e recebe o Espírito Santo”. É obrigatório esclarecer qual a graça especial do Sacramento, no qual se confere o Espírito Santo. Se não se diz esta palavra: “Ego te confirmo in nomine Patris...” Não há o Sacramento! Eu o disse também aos Cardeais, porque eles me declararam: “O senhor confere a Confirmação sem ter o direito de o fazer”. - “Eu o faço, porque os fiéis têm medo que seus filhos fiquem sem a graça da Confirmação, porque eles têm dúvida a respeito da validade do Sacramento, que é conferido atualmente nas igrejas. Não se sabe mais se é verdadeiramente um Sacramento ou não. Então, ao menos para ter essa certeza de ter realmente a graça, me pedem para crismar, e eu o faço porque me parece que eu não posso recusar aos que me pedem a Confirmação válida, pois ao menos eles recebem a graça, mesmo que não seja lícito, porque nós estamos num tempo em que o direito divino natural e sobrenatural passa à frente do direito positivo eclesiástico, já que este se lhe opõe, em vez de lhe servir de canal”.

Estamos em uma crise extraordinária. Nós não podemos seguir essas reformas. Onde estão os frutos dessas reformas? Eu, de fato, me pergunto! Reforma litúrgica, reforma dos seminários, reforma das congregações religiosas, todos esses capítulos gerais! Onde eles estão colocando essas pobres congregações atualmente? Tudo se acabando...! Não há mais noviços, não há mais vocações...!

Eles próprios reconhecessem que não há mais vocações. O Cardeal Arcebispo de Cincinatti o reconheceu também no Sínodo dos Bispos, em Roma: “Em nossos países (ele representava todos os países de língua inglesa), não há mais vocações, porque não sabem mais o que é o padre”.

Nós devemos nos conservar na Tradição. Só a Tradição nos concede realmente a graça, nos proporciona realmente a continuidade na Igreja. Se abandonarmos a Tradição, passaremos a contribuir para a demolição da Igreja.

Também isso eu disse àqueles Cardeais! “Não vedes que o Esquema da Liberdade Religiosa do Concílio é um esquema contraditório? Na primeira parte do Esquema está dito: “Nada muda na Tradição”, e , dentro do Esquema, está tudo ao contrário da Tradição. O contrário do que disseram Gregório XVI, Pio IX e Leão XIII”.

Portanto é preciso escolher! Ou estamos de acordo com a liberdade religiosa do Concílio e então somos contrários ao que esses Papas disseram, ou então nos conservamos de acordo com esses Papas e então nos recusamos a concordar com o que está contido no Esquema sobre a Liberdade Religiosa. É impossível estar de acordo com os dois. E acrescentei: EU ME ATENHO À TRADIÇÃO, EU SOU PELA TRADIÇÃO, E NÃO POR ESSAS NOVIDADES QUE CONSTITUEM O LIBERALISMO. NÃO É ABSOLUTAMENTE OUTRA COISA SENÃO O LIBERALISMO, QUE FOI CONDENADO POR TODOS OS PONTÍFICES, DURANTE SÉCULO E MEIO. ESSE LIBERALISMO PENETROU NA IGREJA ATRAVÉS DO CONCÍLIO: A LIBERDADE, A IGUALDADE, A FRATERNIDADE.

A LIBERDADE: a liberdade religiosa; A FRATERNIDADE: o Ecumenismo. A IGUALDADE: a Colegialidade. E estes SÃO OS TRÊS PRINCÍPIOS DO LIBERALISMO, ORIGINADO DOS FILÓSOFOS DO SÉCULO XVIII, E QUE LEVOU A EFEITO A REVOLUÇÃO FRANCESA.

FORAM ESSAS IDÉIAS QUE ENTRARAM NO CONCÍLIO, POR MEIO DE PALAVRAS EQUÍVOCAS. E AGORA VAMOS À RUÍNA, A RUÍNA DA IGREJA, PORQUE ESSAS IDÉIAS SÃO ABSOLUTAMENTE CONTRA A NATUREZA E CONTRA A FÉ. NÃO EXISTE IGUALDADE ENTRE NÓS. NÃO EXISTE VERDADEIRA IGUALDADE. O PAPA LEÃO XIII DISSE ISSO BASTANTE CLARO, EM SUA ENCÍCLICA SOBRE A LIBERDADE.

A FRATERNIDADE TAMBÉM! SE NÃO HOUVER UM PAI, COMO ACHAREMOS FRATERNIDADE? SE NÃO HÁ PAI, SE NÃO HÁ DEUS, COMO PODEMOS SER IRMÃOS? COMO SE PODE SER IRMÃO, SE NÃO HOUVER UM PAI COMUM? IMPOSSÍVEL! DEVEMOS ENTÃO ABRAÇAR TODOS OS INIMIGOS DA IGREJA, OS COMUNISTAS, OS BUDISTAS E TODOS OS OUTROS QUE SÃO CONTRA A IGREJA, OS MAÇONS?

ESSE DECRETO DE UMA SEMANA ATRÁS, QUE DIZ QUE AGORA NÃO HÁ MAIS EXCOMUNHÃO PARA UM CATÓLICO QUE ENTRE NA MAÇONARIA. MAS ONDE ESTÁ A IGREJA? ISSO É IMPOSSÍVEL! OS MAÇÕES SÃO OS INIMIGOS TRADICIONAIS DA IGREJA, SÃO AQUELES QUE QUEREM DESTRUIR OS PAÍSES CATÓLICOS! QUEM DESTRUIU PORTUGAL? QUEM ESTAVA NO CHILE? E AGORA NO VIETNAM DO SUL! PORQUE ESSES PAÍSES SÃO CATÓLICOS! E QUE SERÁ DA ESPANHA DENTRO DE UM ANO, DA ITÁLIA, ETC...? PORQUE A IGREJA ABRE OS BRAÇOS A TODA ESSA GENTE QUE SÃO INIMIGOS DELA?

Na verdade temos que rezar, rezar; é um assalto do demônio contra a Igreja, como jamais se viu igual. Devemos rezar a Nossa Senhora, a Bem-Aventura Virgem Maria, para que Ela venha em nosso socorro, porque realmente nós não sabemos o que será de amanhã. E realmente parece que toda essa ruína trará conseqüências terríveis ao mundo. É impossível que Deus aceite todas essas blasfêmias, sacrilégios que são praticados contra Sua Glória, Sua Majestade!

Ele tem muita paciência, mas virá o dia (quando virá, eu não sei), virá o dia do castigo, porque todas essa legalizações, leis sobre o aborto, que vemos em tantos países, o divórcio na Itália, toda essa ruína da lei moral, ruína da verdade, realmente é difícil acreditar que tudo isso se possa fazer, sem que Deus fale um dia!

Então temos que pedir a Deus misericórdia por nós e por nossos irmãos. Mas também temos que lutar, combater. Combater para conservar a Tradição e não ter medo. Conservar, acima de tudo, o rito de nossa Santa Missa, porque Ela é o FUNDAMENTO DA IGREJA e da civilização cristã. Quando não houver mais uma verdadeira Missa na Igreja, a Igreja acabará.

Portanto temos que conservar esse rito, esse Sacrifício. Todas as nossas igrejas foram construídas para esta Missa, não para uma outra Missa; para o SACRIFÍCIO DA MISSA, não para uma Ceia, para uma Refeição, para um Memorial, para uma Comunhão, não! para o Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que continua sobre nossos altares! Foi por isso que nossos pais construíram essas belas igrejas, não para uma Ceia, não para um Memorial, não!

Conto com vossas orações por meus seminaristas, para fazer de meus seminaristas VERDADEIROS PADRES, que tenham FÉ e que possam assim, ministrar SACRAMENTOS VERDADEIROS e o VERDADEIRO SACRIFÍCIO DA MISSA. Obrigado.

+ MARCEL LEFEBVRE, ARCEBISPO.

SUPERIOR DA FRATERNIDADE S. PIO X.


















Esta noite, falarei da Missa de Lutero e da Missa do novo rito. Por que essa comparação entre a Nova Missa e a Missa de Lutero? Porque a história o diz; a história objetiva não é criação minha. (Sua Excia. mostra então um livro sobre Lutero, publicado em 1911, “DO LUTERANISMO AO PROTESTANTISMO” de Léon Cristiani) Ele fala sobre a reforma litúrgica de Lutero. Trata-se de um livro escrito em um tempo, em que o autor nem conhecia nossa crise, nem o novo rito; portanto não foi escrito com segundas intenções.


 

 









  


Primeiramente desejo fazer uma síntese dos princípios fundamentais da Missa, para trazer à nossa memória a beleza, a profunda grandeza espiritual de nossa Missa, o lugar que nossa Missa ocupa na Santa Igreja. Que coisa mais bela Nosso Senhor legou à humanidade, que coisa mais preciosa, mais santa concedeu à Sua Santa Igreja, à Igreja sua Esposa, no Calvário, quando morria na Cruz? Foi o Sacrifício de si mesmo.
O Sacrifício de si mesmo. Sua própria Pessoa, que continua seu Sacrifício. Ele o deu à Igreja, quando morreu na Cruz. A partir desse momento, esse Sacrifício estava destinado a continuar, a perseverar através dos séculos, como Ele o havia instituído, juntamente com o Sacerdócio.
Quando na Santa Ceia, Jesus instituiu o Sacerdócio, Ele o instituiu para o Sacrifício, o Sacrifício da Cruz, porque esse Sacrifício é a fonte de todos os méritos, de todas as graças, de todos os Sacramentos; a fonte de toda a riqueza da Igreja. Isso devemos recordar, ter sempre presente essa realidade, divina realidade.
Portanto, é o Sacrifício da Cruz que se renova sobre nossos altares, e o Sacerdócio está em relação com ele, em relação essencial com esse Sacrifício. Não se compreende o Sacerdócio sem o Sacrifício, porque o Sacerdócio foi feito para o Sacrifício. Poder-se-ia dizer também: é a Encarnação de Jesus Cristo, séculos a fora: usque ad finem temporum (1) , o Sacrifício da Missa será oferecido.
Se Jesus Cristo quis esse Sacrifício, quis também ser nele a vítima, uma vez que é o Sacrifício da Cruz que continua, Ele quis que a vítima fosse sempre a mesma, quis ser Ele próprio a vítima. Para ser a vítima, Ele tem que estar presente, verdadeiramente presente nos nossos altares. Se Ele não estiver presente, se não houver a Presença Real nos nossos altares, não haverá vítima, não haverá Sacerdócio. Tudo está ligado: Sacerdócio, Sacrifício, Vítima, Presença Real, portanto TRANSUBSTANCIAÇÃO.
Aí está “o coração” do tesouro – o maior, o mais rico – que Nosso Senhor concedeu à Sua Esposa, a Igreja e a toda a humanidade. Assim podemos compreender que, quando Lutero quis transformar, mudar esses princípios, começou por combater o Sacerdócio; como o fazem os modernistas. Pois Lutero bem sabia que se o Sacerdócio desaparecesse, não mais haveria Sacrifício, não mais haveria Vítima, não haveria mais nada na Igreja, não mais haveria a fonte das graças.
Como procedeu Lutero para dizer que não haveria mais Sacerdócio? Dizendo: “Não existe diferença entre padres e leigos. O Sacerdócio é universal”. Tais eram as idéias que ele propagava. Ele dizia que há três muros de defesa cercando a Igreja. O primeiro muro é essa diferença entre padres e leigos. (Sua Excia. então lê): “A descoberta de que o Papa, os bispos, os padres, os religiosos compõem o Estado Eclesiástico, ao passo que os príncipes, os senhores, os artesãos, os camponeses formam o estado secular, é pura invenção, uma mentira”. Essa diferença entre padres e leigos é então uma invenção, uma mentira. Eis o que diz Lutero: “Na realidade, todos os cristãos pertencem ao estado eclesiástico”. Não há diferença, a não ser a diferença de funções, de serviço. Todos têm o Sacerdócio a partir do Batismo; têm-no em razão do caráter batismal, todos os cristãos são padres e os padres não têm um caráter especial, não há um sacramento especial para os padres, mas seu caráter sacerdotal lhes vem do caráter do Batismo. Assim também se explica esta laicização dos padres; eles não querem mais ter uma veste particular, não querem mais se distinguir dos fiéis, porque todos são padres; e são os fiéis que devem escolher os padres, eleger os seus padres.
Tais foram os princípios de Lutero, que prossegue: “Se um Papa ou um Bispo confere a unção, faz tonsuras, ordena, consagra ou dá uma veste diferente aos leigos ou aos padres, está criando enganadores”. Todos são consagrados padres, a partir do Batismo. Os progressistas do nosso tempo não descobriram novidades.
Há um novo livro sobre os Sacramentos, aparecido em janeiro deste ano em Paris, sob a autoridade do Arcebispo, o Cardeal Marty. Saiu há pouco. Seus autores descobriram oito sacramentos, não mais sete, porque o oitavo sacramento é a profissão religiosa. Eles dizem claramente, nesse livro, que todos os fiéis são padres e que o caráter sacerdotal vem do caráter do Batismo. Os autores, por certo, devem ter lido Lutero, transformado para eles em Padre da Igreja.
Lutero deu também outro passo à frente, após a supressão do Sacerdócio. Ele não acreditou mais na Transubstanciação, nem no Sacrifício. E disse claramente que a Missa não é um Sacrifício. A Missa é uma Comunhão. Podemos então chamar a Missa de Comunhão, Ceia, Eucaristia, tudo, menos Sacrifício. Não há, portanto, Vítima, nem Presença Real, mas apenas uma presença espiritual, uma recordação ou comunhão. Foi por isso que Lutero sempre combateu as Missas privadas; foi uma das primeiras coisas feitas por ele, porque uma Missa privada não é uma Comunhão. É preciso que os fiéis comunguem. A Missa privada, então, não está conforme a verdade, é preciso suprimir todas as Missas privadas.
Ele chamava a Eucaristia de “Sacramento do Pão”. A Eucaristia, (dizia ele), tornou-se uma lamentável maldade. Essa “maldade” da Missa provém de terem feito dela um Sacrifício. Somos forçados a constatar que não se fala mais de Sacrifício da Missa nos boletins diocesanos ou paroquiais, mas de Eucaristia, de Comunhão, de Ceia. Que singular semelhança com as teses de Lutero!
Além disso, Lutero faz ainda uma distinção entre os fins do Sacrifício da Missa. Ele diz que um dos fins do Sacrifício da Missa é render graças a Deus. A Eucaristia é um SACRIFICIUM LAUDIS, mas não um SACRIFICIUM EXPIATIONIS, não um Sacrifício de expiação, mas de louvor, de eucaristia. Por isso é que se certos protestantes ainda falam de Sacrifício, nunca o é no sentido de sacrifício expiatório, que remite os pecados. No entanto se trata de um dos principais fins do Sacrifício da Missa, a remissão dos pecados.
Por isso é que os protestantes modernos aceitam o novo rito da Missa, porque, dizem eles, (isso saiu publicado em uma revista da Diocese de Estrasburgo, noticiando uma reunião de protestantes da Confissão de Augsburgo), agora, com o novo rito, é possível rezar com os católicos. (L’Eglise en Alsace de 8-12-1973 e 1-1-1974). “De fato, com as atuais formas de celebração eucarística da Igreja Católica, e com as presentes convergências teológicas, muitos obstáculos que podiam impedir que um protestante participasse da celebração eucarística estão desaparecendo e agora vai se tornando possível reconhecer na celebração eucarística católica, a Ceia instituída pelo Senhor. Temos à disposição novas orações eucarísticas, que têm a vantagem de apresentar variações à Teologia do Sacrifício”. Isso é evidente! Há duas semanas atrás, estando eu na Inglaterra, soube que um bispo anglicano adotou, ultimamente, o novo rito católico para toda a sua diocese. E declarou: “Este novo rito é muito conforme com as nossas idéias protestantes.” É pois evidente que para os protestantes, não há mais dificuldades para admitir o novo rito. Por que eles não tomam o antigo rito? Foi o que o Senhor Salleron perguntou aos padres de Taizé: “Por que dizeis que hoje podeis admitir este novo rito e não o antigo?” Portanto há uma diferença entre o novo e o antigo e esta diferença é essencial; não é uma diferença acidental, porque eles não aceitam usar o antigo rito, com todas as orações dotadas de precisão e que esclarecem realmente a finalidade do Sacrifício: propiciatório, expiatório, eucarístico e latrêutico. Esta é a finalidade do Sacrifício da Missa católica que, claro no antigo rito, não o é mais no novo rito, porque não há mais Ofertório. E é também por isso que Lutero não quis Ofertório no rito dele.
Vejamos como Lutero inaugurou sua nova Missa, sua reforma. A primeira missa evangélica foi levada a efeito na noite de 24 para 25 de dezembro de 1521. Nessa primeira missa evangélica, depois da pregação sobre a Eucaristia, eles falaram sobre a Comunhão sob as duas espécies como obrigatória e sobre a Confissão como inútil, bastando a fé. A seguir, Karlstadt, seu discípulo, apresentou-se no altar, com vestes seculares, recitou o Confiteor, começou a Missa como era antes, mas somente até o Evangelho; o Ofertório e a Elevação foram supressos (pág.282), o que quer dizer que tudo o que significava idéia de Sacrifício foi retirado. Após a Consagração veio a Comunhão e muitos assistentes haviam bebido e comido e até tomado aguardente, antes de comungar; comungaram sob as duas espécies e o pão consagrado, (dado) nas mãos.
Uma das hóstias escapole e cai em cima da roupa de um assistente. Um padre a recolhe. Uma outra cai no chão e Karlstadt diz aos leigos para apanhá-la; e como eles se recusam, por respeito ou temor, ele declara: “Que ela permaneça onde está, pouco importa, contanto que não se pise em cima”. Pouco depois ele próprio a apanhou (pág.282). Muitos leigos, inúmeras pessoas estavam contentes com a novidade e eram muitos os que vinham assistir a essa nova Missa evangélica, porque uma parte era dita em língua alemã, e eles diziam que compreendiam melhor. Então os mosteiros começaram a se esvaziar. Lutero tinha declarado: “Eu conservarei o meu hábito, meu modo de me apresentar como monge”, mas muitos monges saíram; alguns ficaram nos mosteiros, mas a maioria se casou. Reinava grande anarquia entre os padres. Cada um celebrava sua missa como queria. O Concelho não sabia mais o que fazer (pág.285), tomando então a resolução de fixar uma nova liturgia, de não mais deixar a liberdade e de por um pouco de ordem. A maneira de celebrar a Missa deveria ser então a seguinte: Intróito, Glória, Epístola, Evangelho, Sanctus. Depois havia uma pregação; Ofertório e Cânon ficavam supressos; o padre então pronunciava a instituição da Ceia, que ele proferia, em voz alta, em alemão e distribuía a Comunhão sob as duas espécies. Depois vinha o Agnus Dei e o Benedicamus Domino, para terminar.
As modificações da Consagração introduzidas no Novus Ordo são semelhantes às que foram introduzidas por Lutero; as palavras essenciais da Consagração não são mais unicamente as palavras da forma, tais como sempre tinham sido conhecidas: “HOC EST CORPUS MEUM. HIC EST CALIX SANGUINIS MEI,” e as palavras que lhe seguem. Não! A partir de então, as palavras essenciais começam nos seguintes termos: “Ele tomou o pão”, até as palavras após a consagração do vinho: “HOC FACITE IN MEAM COMMEMORATIONEM”. Lutero disse a mesma coisa. Por que? Porque se lê a narrativa da Ceia. “É uma narrativa, não uma ação, não um Sacrifício, não uma ação sacrifical, mas um simples memorial”. Por qual razão nossos inovadores o copiaram de Lutero?
Lutero diz também: “As Missas e as Vigílias estão encerradas. O Ofício será conservado, assim como as Matinas, as Horas menores, as Vésperas, Completas, mas somente o Ofício ferial. Não se comemorará mais santo algum que não esteja expressamente nomeado na Escritura”. Desse modo, ele mudou completamente o Calendário, exatamente como foi feito atualmente (pág.309).
Donde podemos concluir: A atual transformação é idêntica à de Lutero. Um último exemplo, o das palavras da Consagração do pão: “HOC EST CORPUS MEUM, QUOD PRO VOBIS TRADETUR”. Também Lutero acrescentou essas últimas palavras, porque, justamente são palavras da Ceia, pois ele pretendia que a Ceia não fosse um Sacrifício, mas uma refeição.
Ora, o Concílio de Trento diz explicitamente: Quem disser que a Ceia não é um Sacrifício seja anátema. A Ceia foi um Sacrifício. E nossa Missa é a continuação da Ceia, porque a Ceia foi um Sacrifício. Isso já se constata na separação prévia do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. O Sacrifício já estava significado por essa separação, no entanto Lutero afirma: “Não. A Ceia não é um Sacrifício”, é por isso que nós devemos repetir todas as palavras que Nosso Senhor disse na Ceia, ou seja: “HOC EST CORPUS MEUM QUOD PRO VOBIS TRADETUR”, que será entregue por vós sobre a Cruz.
Por que imitar tão servilmente a Lutero na Nova Missa? A única razão que se pode aduzir é a do Ecumenismo. Pois sem esse motivo, nada se pode compreender dessa reforma. Ela não tem absolutamente vantagem alguma, nem teológica, nem pastoral. Nenhuma vantagem a não ser a de nos aproximar dos protestantes. Podemos legitimamente pensar, que foi por isso que os protestantes foram convidados para a Comissão da Reforma Litúrgica; para ficarmos sabendo se estavam satisfeitos ou não, ou se havia alguma coisa que lhes não agradava, se eles podiam ou não rezar conosco. Eu penso que não pode existir outro motivo para esta presença dos protestantes na Comissão de reforma da Missa. Mas como podemos pensar que protestantes, que não têm nossa fé, possam ser convidados para uma Comissão destinada a fazer uma reforma de nossa Missa, de nosso Sacrifício, daquilo que temos de mais belo, de mais rico em toda a Igreja, o objeto mais perfeito de nossa fé?!
Lutero, em janeiro de 1526, promoveu a impressão de um novo ritual para as cerimônias da Missa. No seu pensamento, ele queria a liberdade total. E dizia (pág.314): “Se possível, eu gostaria de dar total liberdade aos padres, para fazerem o rito que quiserem; mas há o perigo de abusos, então é preciso estabelecer regras”. Seu pensamento, porém era de liberdade total. E também de igualdade entre os padres e os fiéis. E assim, todos os fiéis sendo padres, poderiam, também eles, ter idéias de como criar o culto. Então, todos juntos, aqueles que são padres, aqueles que têm uma função especial, aqueles que são escolhidos dentre os fiéis, todos juntos podem demonstrar sua criatividade no culto.
Mas como era um pouco difícil, acabaria havendo bastante desordem, então ele escreveu um ritual. Nessa ocasião ele dizia também: “O uso do latim é facultativo”. Ele não era absolutamente contra o latim. Queria até que as crianças aprendessem latim. Mas também dizia: “O desejo dos leigos comuns de ter uma Missa em alemão é perfeitamente legítimo. Contudo há pessoas que vão à Igreja para ver novidade, para ver coisas novas. Esses, no entanto, não são verdadeiros cristãos, são curiosos, como se fossem aos turcos ou aos pagãos.
Nos domingos se celebra a Missa. Mas Lutero conserva a palavra Missa com certa repugnância. As vestes sagradas, as velas são ainda mantidas provisoriamente. Começa-se com o Intróito em alemão, depois o Kyrie, depois uma Oração cantada pelo celebrante, ainda voltado para o altar, não para o povo. Mas para a Epístola e para o Evangelho, cantados em alemão, se voltará para o povo, quando então todos cantam o Credo em língua vulgar (pág.316).
O celebrante dirá uma paráfrase do Pater, uma exortação à Comunhão, depois vem a Consagração, que será cantada, em alemão, assim: “Na noite em que foi traído, Nosso Senhor Jesus Cristo tomou o pão, rendeu graças e o partiu e apresentou a seus discípulos e disse: Tomai e comei, isto é o meu Corpo que é dado por vós”. – HOC EST CORPUS MEUM QUOD PRO VOBIS TRADETUR; estas são as palavras exatas –. “Fazei isto todas as vezes que o fizerdes, em memória de mim. Do mesmo modo, Ele tomou também o cálice, após a Ceia e disse: Tomai e bebei dele todos, este é o cálice, um novo Testamento em meu Sangue, que é derramado por vós, para a remissão dos pecados”. Não disse PRO VOBIS ET PRO MULTIS, fez desaparecer as palavras PRO MULTIS e também MYSTERIUM FIDEI. (pág. 317)
Mysterium fidei e pro multis desapareceram... “Que é derramado por vós, para a remissão dos pecados, fazei isso todas as vezes que beberdes esse cálice em memória de mim”. Essas palavras que Lutero dizia ser a consagração, portanto as palavras essenciais, correspondem exatamente às palavras do documento da Congregração do Culto. A única expressão a mais é pro multis, que restou no documento do Vaticano. Mas todas as palavras, assim como as que são ditas antes: “Na noite em que foi traído, Nosso Senhor tomou o pão”, essas palavras não são da forma; nunca a Igreja disse que as palavras, que precedem a Consagração, fazem parte da forma do Sacramento.
Depois da elevação, que Lutero conservou até 1542, vinha a Comunhão na mão. Uma última oração – a coleta – terminava a Missa como a Postcomunio dos católicos (págs.317-318).
Evidentemente Lutero não aceitou o celibato e lutou contra os votos dos religiosos. Ele queria o fim desses costumes da Igreja. Mas, coisa bastante curiosa, ele sempre teve certo medo das reformas que ele tinha feito. Seus discípulos iam na vanguarda, mais depressa do que ele; ele sempre estava um pouco ansioso. Dizia a seus discípulos: “Eu condeno a nova prática de dar a Eucaristia de mão em mão, bem como o uso irrefletido da Comunhão sob as duas espécies”. Isso nos primeiros tempos, depois ele aceitou; mas logo de começo lhe parecia que essa Comunhão na mão não era boa coisa.
Depois de ter dito que a Confissão não era necessária, mesmo para aqueles que tinham pecados graves, hesitou e disse: “A Confissão é boa, mas se o Papa me pedir para me confessar, eu me recusarei a fazê-lo, eu não me quero confessar. Nem por isso eu aceito que alguém me proíba essa confissão secreta. Eu não a cederei nem por todos os tesouros da terra, porque eu sei o que ela já me proporcionou de força e de consolação...”
Lutero estava roído de remorsos, no entanto vivia devorado pela necessidade de fazer novidades, de mudar tudo, de ir contra o Papa, contra a Igreja Romana, contra o dogma. Por isso ele continuou sua reforma.
É evidente que a reforma litúrgica atual se inspira na reforma de Lutero. Eu disse isso, em Roma, a muitos Cardeais: “Vossa nova Missa é a Missa de Lutero!” A isso me foi respondido: “Mas então ela é herética!” E eu respondi: “Não, ela não é herética, mas é ambígua, equívoca, pois um pode celebrá-la com a fé católica integral do Sacrifício, da Presença Real, da Transubstanciação e outro pode celebrá-la sem ter essa intenção e, nesse caso, a Missa não será mais válida. As palavras que ele pronuncia e os gestos que ele faz não o contradizem. Ela é equívoca, sim, equívoca. E certamente Lutero, durante muitos anos, a celebrou validamente, quando ele ainda não estava contra o Sacrifício, quando ele era ainda mais ou menos católico. Porém, mais tarde, quando ele recusou o Sacrifício, o Sacerdócio, a Presença Real, então sua Missa passou a não ter mais validade.
Mas como uma Missa pode ser assim equívoca? É impossível fazer isso com o antigo rito, porque ele é claro, ele é claro. O Ofertório todo diz com clareza o que nós realizamos. O Ofertório é uma verdadeira definição do Sacrifício da Missa. Por isso é que Lutero era contra o Ofertório, porque ele era por demais claro, e foi por isso que ele fez aquelas mudanças no Cânon para não deixar perceber se é uma narração ou uma ação; mas nós, nós sabemos que a Consagração é uma ação sacrifical.
Eles sabem que em nossos antigos Missais, antes do Communicantes, está escrito INFRA ACTIONEM, pois não se trata de uma narração, nem de um memorial, uma simples recordação. É uma ação. Uma ação sacrifical.
Todas essas mudanças no novo rito são realmente perigosas, porque, pouco a pouco, sobretudo para os padres novos, que não têm mais a idéia do Sacrifício, da Presença Real, da Transubstanciação, para os quais tudo isso não significa mais nada, esses padres novos perdem a intenção de fazer o que a Igreja faz, e não celebram mais missas válidas; não há mais a Presença Real.
Certamente os padres idosos, quando celebram conforme o novo rito, conservam ainda a fé de sempre. Celebraram a Missa no antigo rito, durante tantos anos, que conservam as mesmas intenções; então se pode crer que a Missa deles é válida. Mas na medida em que essas intenções se vão, desaparecem, nessa mesma medida as Missas deixarão de ser válidas.
Eles quiseram se aproximar dos protestantes, mas foram os católicos que se tornaram protestantes e não os protestantes que se tornaram católicos. Isso é evidente, ninguém pode dizer o contrário.
Quando cinco Cardeais e quinze Bispos compareceram ao “Concílio dos Jovens”, em Taizé, como esses jovens poderiam saber o que é catolicismo e o que é protestantismo? Alguns receberam a Comunhão das mãos dos protestantes, outros dos católicos.
Quando o Cardeal Willebrands esteve em Genebra, no Concelho Ecumênico das Igrejas, declarou: “Temos que reabilitar Lutero”.Ele o disse, como enviado da Santa Sé.
Vede a Confissão. Em que se transformou a Confissão, o Sacramento da Penitência, com essa absolvição coletiva? É acaso pastoral esse modo de dizer aos fiéis: “Nós demos a absolvição coletiva, os senhores podem comungar; quando tiverem oportunidade, se tiverem pecados graves, confessem-se no prazo de seis meses a um ano...” Quem pode dizer que esse modo de proceder é pastoral? Que idéia se poderá fazer do pecado grave?
E a Confirmação. O Sacramento da Confirmação também está numa situação idêntica. Realmente eu penso que as palavras do livro dos Sacramentos da Comissão do Arcebispo de Paris, que constituem a forma, tornam o Sacramento inválido. Por que? Porque não há mais a significação do Sacramento na forma. O Bispo, quando confere o Sacramento da Confirmação, diz: “Signo te, signo Crucis et confirmo te Chrismate salutis, in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti” e “CONFIRMO TE CHRISMATE SALUTIS”. A Confirmação: “CONFIRMO TE.”
Agora estão dizendo: “Eu te assinalo com a Cruz e recebe o Espírito Santo”. É obrigatório esclarecer qual a graça especial do Sacramento, no qual se confere o Espírito Santo. Se não se diz esta palavra: “Ego te confirmo in nomine Patris...” Não há o Sacramento! Eu o disse também aos Cardeais, porque eles me declararam: “O senhor confere a Confirmação sem ter o direito de o fazer”. - “Eu o faço, porque os fiéis têm medo que seus filhos fiquem sem a graça da Confirmação, porque eles têm dúvida a respeito da validade do Sacramento, que é conferido atualmente nas igrejas. Não se sabe mais se é verdadeiramente um Sacramento ou não. Então, ao menos para ter essa certeza de ter realmente a graça, me pedem para crismar, e eu o faço porque me parece que eu não posso recusar aos que me pedem a Confirmação válida, pois ao menos eles recebem a graça, mesmo que não seja lícito, porque nós estamos num tempo em que o direito divino natural e sobrenatural passa à frente do direito positivo eclesiástico, já que este se lhe opõe, em vez de lhe servir de canal”.
Estamos em uma crise extraordinária. Nós não podemos seguir essas reformas. Onde estão os frutos dessas reformas? Eu, de fato, me pergunto! Reforma litúrgica, reforma dos seminários, reforma das congregações religiosas, todos esses capítulos gerais! Onde eles estão colocando essas pobres congregações atualmente? Tudo se acabando...! Não há mais noviços, não há mais vocações...!
Eles próprios reconhecessem que não há mais vocações. O Cardeal Arcebispo de Cincinatti o reconheceu também no Sínodo dos Bispos, em Roma: “Em nossos países (ele representava todos os países de língua inglesa), não há mais vocações, porque não sabem mais o que é o padre”.
Nós devemos nos conservar na Tradição. Só a Tradição nos concede realmente a graça, nos proporciona realmente a continuidade na Igreja. Se abandonarmos a Tradição, passaremos a contribuir para a demolição da Igreja.
Também isso eu disse àqueles Cardeais! “Não vedes que o Esquema da Liberdade Religiosa do Concílio é um esquema contraditório? Na primeira parte do Esquema está dito: “Nada muda na Tradição”, e , dentro do Esquema, está tudo ao contrário da Tradição. O contrário do que disseram Gregório XVI, Pio IX e Leão XIII”.
Portanto é preciso escolher! Ou estamos de acordo com a liberdade religiosa do Concílio e então somos contrários ao que esses Papas disseram, ou então nos conservamos de acordo com esses Papas e então nos recusamos a concordar com o que está contido no Esquema sobre a Liberdade Religiosa. É impossível estar de acordo com os dois. E acrescentei: EU ME ATENHO À TRADIÇÃO, EU SOU PELA TRADIÇÃO, E NÃO POR ESSAS NOVIDADES QUE CONSTITUEM O LIBERALISMO. NÃO É ABSOLUTAMENTE OUTRA COISA SENÃO O LIBERALISMO, QUE FOI CONDENADO POR TODOS OS PONTÍFICES, DURANTE SÉCULO E MEIO. ESSE LIBERALISMO PENETROU NA IGREJA ATRAVÉS DO CONCÍLIO: A LIBERDADE, A IGUALDADE, A FRATERNIDADE.
A LIBERDADE: a liberdade religiosa; A FRATERNIDADE: o Ecumenismo. A IGUALDADE: a Colegialidade. E estes SÃO OS TRÊS PRINCÍPIOS DO LIBERALISMO, ORIGINADO DOS FILÓSOFOS DO SÉCULO XVIII, E QUE LEVOU A EFEITO A REVOLUÇÃO FRANCESA.
FORAM ESSAS IDÉIAS QUE ENTRARAM NO CONCÍLIO, POR MEIO DE PALAVRAS EQUÍVOCAS. E AGORA VAMOS À RUÍNA, A RUÍNA DA IGREJA, PORQUE ESSAS IDÉIAS SÃO ABSOLUTAMENTE CONTRA A NATUREZA E CONTRA A FÉ. NÃO EXISTE IGUALDADE ENTRE NÓS. NÃO EXISTE VERDADEIRA IGUALDADE. O PAPA LEÃO XIII DISSE ISSO BASTANTE CLARO, EM SUA ENCÍCLICA SOBRE A LIBERDADE.
A FRATERNIDADE TAMBÉM! SE NÃO HOUVER UM PAI, COMO ACHAREMOS FRATERNIDADE? SE NÃO HÁ PAI, SE NÃO HÁ DEUS, COMO PODEMOS SER IRMÃOS? COMO SE PODE SER IRMÃO, SE NÃO HOUVER UM PAI COMUM? IMPOSSÍVEL! DEVEMOS ENTÃO ABRAÇAR TODOS OS INIMIGOS DA IGREJA, OS COMUNISTAS, OS BUDISTAS E TODOS OS OUTROS QUE SÃO CONTRA A IGREJA, OS MAÇONS?
ESSE DECRETO DE UMA SEMANA ATRÁS, QUE DIZ QUE AGORA NÃO HÁ MAIS EXCOMUNHÃO PARA UM CATÓLICO QUE ENTRE NA MAÇONARIA. MAS ONDE ESTÁ A IGREJA? ISSO É IMPOSSÍVEL! OS MAÇÕES SÃO OS INIMIGOS TRADICIONAIS DA IGREJA, SÃO AQUELES QUE QUEREM DESTRUIR OS PAÍSES CATÓLICOS! QUEM DESTRUIU PORTUGAL? QUEM ESTAVA NO CHILE? E AGORA NO VIETNAM DO SUL! PORQUE ESSES PAÍSES SÃO CATÓLICOS! E QUE SERÁ DA ESPANHA DENTRO DE UM ANO, DA ITÁLIA, ETC...? PORQUE A IGREJA ABRE OS BRAÇOS A TODA ESSA GENTE QUE SÃO INIMIGOS DELA?
Na verdade temos que rezar, rezar; é um assalto do demônio contra a Igreja, como jamais se viu igual. Devemos rezar a Nossa Senhora, a Bem-Aventura Virgem Maria, para que Ela venha em nosso socorro, porque realmente nós não sabemos o que será de amanhã. E realmente parece que toda essa ruína trará conseqüências terríveis ao mundo. É impossível que Deus aceite todas essas blasfêmias, sacrilégios que são praticados contra Sua Glória, Sua Majestade!
Ele tem muita paciência, mas virá o dia (quando virá, eu não sei), virá o dia do castigo, porque todas essa legalizações, leis sobre o aborto, que vemos em tantos países, o divórcio na Itália, toda essa ruína da lei moral, ruína da verdade, realmente é difícil acreditar que tudo isso se possa fazer, sem que Deus fale um dia!
Então temos que pedir a Deus misericórdia por nós e por nossos irmãos. Mas também temos que lutar, combater. Combater para conservar a Tradição e não ter medo. Conservar, acima de tudo, o rito de nossa Santa Missa, porque Ela é o FUNDAMENTO DA IGREJA e da civilização cristã. Quando não houver mais uma verdadeira Missa na Igreja, a Igreja acabará.
Portanto temos que conservar esse rito, esse Sacrifício. Todas as nossas igrejas foram construídas para esta Missa, não para uma outra Missa; para o SACRIFÍCIO DA MISSA, não para uma Ceia, para uma Refeição, para um Memorial, para uma Comunhão, não! para o Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que continua sobre nossos altares! Foi por isso que nossos pais construíram essas belas igrejas, não para uma Ceia, não para um Memorial, não!
Conto com vossas orações por meus seminaristas, para fazer de meus seminaristas VERDADEIROS PADRES, que tenham FÉ e que possam assim, ministrar SACRAMENTOS VERDADEIROS e o VERDADEIRO SACRIFÍCIO DA MISSA. Obrigado.
+ MARCEL LEFEBVRE, ARCEBISPO.
SUPERIOR DA FRATERNIDADE S. PIO X.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Véu e Desvelo.

Por Andrea Grego de Álvarez | Tradução: Airton Vieira de Souza – Fratres in Unum.com: Li faz uns dias um belo artigo chamado “O véu, uma honra para a mulher”[1], que enumerava ali três razões, tomadas entre outras, para explicar por que o véu nas mulheres:
1ª. Porque é bela. O véu lhe recorda que não deve deixar-se levar pela concupiscência da beleza, nem arrastar a outros. É signo de pudor e recato, da modéstia no ornato com que sempre há de viver e apresentar-se ante Deus.
2ª. Porque é mãe. De uma forma especial, a mulher foi unida à obra criadora de Deus por sua própria maternidade. O véu lhe recorda que sua maternidade é sagrada e por isso ela se cobre, para indicar que ao estar coberta o mundo não pode feri-la nem ela se deixar sê-lo.
3ª. Por sua maternidade espiritual. Este é um aspecto importantíssimo e desconhecido pela mulher. A mulher pudorosamente vestida, coberta com seu véu em silêncio orante, é fiel reflexo da imagem da Santíssima Virgem, que com seu silêncio e seu véu orava incessantemente por seu Filho e meditava sobre Sua obra redentora. O recolhimento dentro da igreja da mulher com o signo distintivo de seu véu tem um fruto riquíssimo para a Igreja, para a santidade sacerdotal, à sustentação moral e espiritual do clero e para o fomento das vocações. A maternidade espiritual é uma grandíssima e formosíssima vocação feminina, muito desconhecida, desgraçadamente, mas de um valor que me atreveria a dizer “estratégico” dentro da Igreja.
Os três pontos mencionados deixou-me pensando… Porque nossos tempos fazem a renúncia explícita desses três valores. Renuncia à beleza, substituída pelo feio, pelo carente de harmonia, pelo provocador, dissonante, obscuro, agressivo.
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A maternidade física é afastada e desprezada, relegada pelo êxito material, profissional, temporal, acadêmico, econômico. A maternidade é suplantada pelo conforto, pela imagem, pela comodidade, pelo bem-estar, pelos caprichos.
A maternidade espiritual é ignorada e em seu lugar fica uma profunda e insondável esterilidade e frigidez espiritual que se encobre de ativismo oco que não deixa marca na alma de ninguém.
Assistimos hoje ao processo de destruição da família, da sociedade e da cultura. Um tempo que desafia a Deus e repete e grita em cada gesto e em cada ação: “Não queremos que Ele reine sobre nós”. Todos sabemos até que ponto o ataque à mulher, a seu verdadeiro ser e condição é a causa desta destruição a que assistimos. Toda tarefa de restauração da família, da sociedade e da cultura deverá passar pela recuperação do verdadeiro rol e dignidade da mulher.
Pensei naquela tremenda e magnífica profecia de Santa Hildegarda de Bingen, forte em sua plasticidade e sentido, quando escreve:
“Vi uma mulher de uma tal beleza que a mente humana não é capaz de compreender. Sua figura se erguia da terra até o céu. Seu rosto brilhava com um esplendor sublime. Seus olhos miravam ao céu. Levava um vestido luminoso e radiante de seda branca e com um manto crivado de pedras preciosas (…). Mas seu rosto estava coberto de pó, seu vestido estava rasgado na parte direita. Também o manto havia perdido sua beleza singular e seus sapatos estavam sujos por cima. Com grande voz e lastimosa, a mulher alçou seu grito ao céu: ‘Escuta, céu: meu rosto está manchado. Aflige-te, terra: meu vestido está rasgado. Trema, abismo: meus sapatos estão sujos (…). As chagas de meu esposo permanecem frescas e abertas enquanto estiverem abertas as feridas dos pecados dos homens. Que permaneçam abertas as feridas de Cristo é precisamente culpa dos sacerdotes. Eles rasgam meu vestido porque são transgressores da Lei, do Evangelho e de seu dever sacerdotal. Retiram o esplendor de meu manto, porque descuidam totalmente os preceitos que impõem. Sujam meus sapatos, porque não caminham pelo caminho reto, isto é, pelo duro e severo caminho da justiça, e também porque não dão um bom exemplo a seus súditos. No  entanto, encontro em alguns o esplendor da verdade’. E escutei uma voz do céu que dizia: ‘Esta imagem representa a Igreja.  Por isso, ó ser humano que vês tudo isso e que escutas os lamentos, anuncia-o aos sacerdotes que hão de guiar e instruir ao povo de Deus e aos que, como aos apóstolos, foi fito: ‘Ide ao mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criação”[2].
Seu rosto, que devia estar coberto por um véu, está coberto de pó. Perdeu-se o pudor que a reservava, a sacralidade que a preservava? A imagem, como diz Santa Hildegarda, é representação da Igreja; mas poderia ser também representação da mulher caída da dignidade que lhe outorgava o cumprimento fiel da vontade de Deus?
Pensei também em tantas “desveladas” conhecidas e desconhecidas, cujo maior esforço é precisamente a ruptura da ordem, a ruptura da fidelidade, a ruptura da missão. Desveladas para não velar por nada que valha a pena, desveladas para impedir que outras tantas mulheres sejam altar do Criador e levem em seu seio o fruto do verdadeiro amor.
Desde os anos 60, estenderam-se pelo mundo, tanto no campo liberal como no socialista, as ideias da “libertação” feminina. Libertação de quê? Do rol principalíssimo da mulher como esposa e mãe (não é casual que os anos 60 foram os da explosão da pílula). Libertação da maternidade, libertação da ternura, libertação de seu lugar e seu papel exclusivo, que ninguém poderia substituir. Essa ideia afetou também a Igreja e nela a libertação teve seu signo na abolição do véu. Só as religiosas o mantiveram como signo da maternidade espiritual (hoje também assistimos ao “desvelamento” das religiosas e o tempo nos vai dizendo de sua infecundidade espiritual).
Pensei no significado de estar velada, coberta, solene, sublinhando o mistério que se oculta debaixo do véu. Pensei no desprezo de nossos tempos pelo mistério profundo, elevado. Tudo deve ser explícito, tudo deve ser mostrado. Mas a ânsia infantil de mistério, o afã do assombro existe e então é suplantado por uma caricatura: a literatura e o cinema de mistério, suspense, terror.
O mistério verdadeiro que oculta o véu, é o dessa mulher velada que submete livremente sua vontade, entrega-se como a noiva ante o altar e ali, no segredo, oferece seus muitos e variados desvelos pelo filho, por cada filho, pelo esposo, pela vida que ainda não pulsa, pela vida que vai crescendo e toma seu rumo, pelos filhos espirituais, pelos amigos.
O véu, igual ao que cobre o altar para o santo sacrifício, cobre o altar do coração da mulher, onde oferecerá o sacrifício diário de sua virgindade ou de sua Paternidade, o sacrifício diário de sua fecundidade espiritual.
[1] Publicado por: Padre Juan Manuel Rodríguez da Rosa, 9 novembro, 2014 em: www.adelantelafe.com
[2] Hildegarda de Bingen, Carta a Werner von Kirchheim, ano 1170.

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domingo, 7 de dezembro de 2014

O que Perdemos... e o Caminho pra Restauração

QUE É A TRADIÇÃO?

"Se Eu não tivesse vindo, teriam desculpa, mas como Eu vim, eles não têm mais desculpa", disse Jesus (em João)
Não será dever de um católico julgar entre a fé que lhe ensinam hoje e a que foi ensinada durante vinte séculos de tradição da Igreja?

QUE É A TRADIÇÃO?

Parece-me que, com frequência, a palavra é imperfeitamente compreendida: comparam-na às tradições como existem nas profissões, nas famílias, na vida civil: o buquê fixado sobre a cumeeira da casa quando se coloca a última telha, o cordão que se corta para inaugurar um monumento, etc. Não é disto que eu falo; a tradição, não são os costumes legados pelo passado e conservados por fidelidade a este, mesmo na ausência de razões claras. A tradição se define como o depósito da fé transmitido pelo magistério de século em século. Este depósito é aquele que nos deu a Revelação, isto é, a palavra de Deus confiada aos Apóstolos e cuja transmissão é assegurada por seus sucessores.
Ora atualmente, se quer pôr todo o mundo em pesquisa “como se o Credo não nos tivesse sido dado, como se Nosso Senhor não tivesse vindo trazer a Verdade, uma vez por todas. Que se pretende encontrar com toda esta pesquisa? Os católicos a quem se quer impor ”reconsiderações”, após se lhes ter feito “esvaziar suas certezas”, devem lembrar-se do seguinte: o depósito da Revelação terminou no dia da morte do último Apóstolo. Acabou, não se pode mais nele tocar até a consumação dos séculos. A Revelação é irreformável. O concílio I do Vaticano relembrou-o explicitamente: “a doutrina de fé que Deus revelou não foi proposta às inteligências como uma invenção filosófica que elas tivessem que aperfeiçoar, mas foi confiada como um depósito divino à Esposa de Jesus Cristo (Igreja) para ser por Ela fielmente conservada e infalivelmente interpretada.”
Para que o Papa represente a Igreja e seja dela a imagem, é preciso que esteja unido a ela tanto no espaço como no tempo já que a Igreja é uma Tradição viva na sua essência. Na medida em que o Papa se afastar dessa Tradição estará se tornando cismático, terá rompido com a Igreja. Teólogos como São Belarmino, Caetano, o cardeal Journet e muitos outros estudaram essa eventualidade. Não se trata, pois, de uma coisa inconcebível.»
«A Igreja aceitaria doravante não ser mais a única religião verdadeira, a única via para a salvação eterna. Ela reconheceria como religiões-irmãs as outras religiões. Reconheceria como um direito concedido pela natureza da pessoa humana que esta pessoa é livre de escolher sua religião e que, portanto, a existência de um Estado católico seria inadmissível.»
«Se admitirmos este novo princípio, temos que mudar toda a doutrina da Igreja, seu culto, seu sacerdócio, suas instituições. Pois tudo, até então, na Igreja, manifestava que Ela era a única a possuir a Verdade, o Caminho e a Vida em Nosso Senhor Jesus Cristo que ela, a Igreja, é a única a deter em pessoa, na Santa Eucaristia, onde, Ele está presente, graças à continuação de seu Sacrifício. Logo é uma inversão total da Tradição e do ensino da Igreja que está se operando, depois do Concílio e pelo Concílio.»
«Como poderíamos nós, por obediência servil e cega, fazer o jogo desses cismáticos que nos pedem colaboração para seus empreendimentos de destruição da Igreja?»
«Eis porque estamos prontos e submissos para aceitar tudo o que for conforme à nossa fé católica, tal como foi ensinada durante dois mil anos mas recusamos tudo o que lhe é contrário.»
«Já ouvimos a objeção: "Então cabe a nós julgarmos a fé católica?" Mas não será dever de um católico julgar entre a fé que lhe ensinam hoje e a que foi ensinada e crida durante vinte séculos e que está escrita nos catecismos oficiais como o do Concílio de Trento, o de São Pio X e em todos os catecismos antes do Vaticano II? Como foi que agiram os verdadeiros fiéis diante das heresias? Preferiram dar o sangue a trair sua fé.»
«Por outro lado, parece-nos muito mais certo que a fé ensinada pela Igreja durante 20 séculos não pode conter erros do que seja certo que o Papa é verdadeiramente Papa. A heresia, o cisma, a excomunhão "ipso facto", a invalidade da eleição, tudo isso são causas eventuais que podem fazer com que um Papa não tenha sido jamais Papa ou não mais o seja. Nesse caso, evidentemente excepcional, a Igreja se encontraria numa situação semelhante àquela em que ela se acha quando morre um Soberano Pontífice.»
«Um grave problema, diante da consciência e da fé de todos os católicos desde o começo do pontificado de Paulo VI. Como é possível que um Papa, verdadeiro sucessor de Pedro, socorrido pela assistência do Espírito Santo, possa presidir a destruição da Igreja, a mais profunda e extensa da história dela, em tão pouco tempo e de um modo que nenhum heresiarca jamais conseguiu?»
«A essa pergunta será preciso responder um dia. Mas embora deixando o problema aos teólogos e aos historiadores somos constrangidos pela realidade a responder praticamente, seguindo o conselho de São Vicente de Lérins: "O que deverá fazer o cristão católico se alguma parcela da Igreja venha a se desligar da comunhão da fé universal? Que outro partido tomar senão preferir ao membro gangrenado e corrompido, a parte sã do organismo? E se um contágio ou uma epidemia arrisca envenenar não somente uma pequena parcela da Igreja mas ao mesmo tempo toda Igreja, então, o maior zelo deverá ser o de se unir à antiguidade que evidentemente não pode mais ser seduzida por nenhuma novidade falsificadora".»
Por Arcebispo Marcel Lefebvre

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

"UMA CHUVA DE FOGO SOBRE A TERRA"(Frei Pio de Pietralcina - Itália - 1949/1950).

"UMA CHUVA DE FOGO SOBRE A TERRA"
"Das nuvens, espalhar-se-ão sobre toda a terra, furacões e fogo em movimento, ventanias e tempestades, trovões e terremotos irão se suceder ininterruptamente. Continuamente uma chuva de fogo descerá sobre a terra, cobrindo-a durante dois dias. Isto vai provar que Deus está acima de tudo.

Reze e faça penitência. Avise aos outros para fazer o mesmo porque o tempo está próximo. Persevere na oração, para que seu adversário não tenha domínio sobre ti. Diga ao meu povo para que esteja preparado, porque Meu julgamento deve vir repentinamente e ninguém escapará das Minhas mãos. Protegerei os justos. Observe o sol, a lua e as estrelas do céu e quando elas parecerem estar desordenadas sem razão, saiba que o dia não está longe. Fique unido em oração e espere até que o anjo da destruição tenha passado por sua porta. Ore que estes dias sejam curtos.

Aqueles que confiam em Mim e Creem em Minha Palavra nada têm que temer, porque Eu não os abandonarei. Também não se perderão os que espalharem a Minha Revelação. Nada pode acontecer a quem estiver em estado de Graça e procurar a Proteção de Minha Mãe.

Mantenha as suas janelas bem cobertas. Não olhe para fora. Acenda uma vela abençoada, que será suficiente por muitos dias. Reze o rosário. Leia livros espirituais. Faça atos de Comunhão Espiritual, também atos de amor, que Nos agradam tanto. Reze com os braços esticados, e prostrado no chão, a fim de que muitas almas sejam salvas. Não saia de casa. Proporcione-se alimentos suficientes. Tenha coragem e estarei no meio entre você.

A hora está perto! Mas não terei piedade. Será uma punição aterrorizante. Meus anjos, que são os executores deste trabalho, estão prontos com suas espadas afiadas! Eles terão um cuidado especial em aniquilar todos aqueles que zombaram de Mim e que não acreditaram em Minhas revelações.

Para que possais vos preparar para estes acontecimentos Eu vos dou esses sinais:

A noite será muito fria; o vento bramirá. Depois de algum tempo o trovão reboará. Então fechem bem todas as janelas e as portas; não falem a ninguém de fora da casa. Ajoelhem-se diante do Crucifixo, arrependam-se dos seus pecados e peçam a proteção de Minha Mãe. Enquanto a terra tremer não olhem para fora, pois a ira de Deus é santa. Eu não quero que olhem a ira de Deus, pois ela deve ser considerada com temor e tremor. Quem não seguir este conselho instantaneamente se perderá. O vento levará consigo veneno e o espalhará por toda a terra. Aquele que sofrer e morrer de forma inocente será considerado mártir e estará Comigo no Meu Reino. O demônio triunfará (nestes dias). Mas na terceira noite cessarão os terremotos e o fogo, e no dia seguinte o Sol aparecerá. Anjos descerão do Céu e derramarão sobre a terra o espírito da paz. Dos que se salvarem subirá ao um profundíssimo sentimento de gratidão. O tribunal criminal que será erigido não pode ser comparado a nenhum outro, desde a criação do mundo. Uma terça parte da humanidade perecerá."

(Frei Pio de Pietralcina - Itália - 1949/1950).

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Francisco diz que Big Bang e Teoria da Evolução não contradizem a lei cristã

Francisco diz que Big Bang e Teoria da Evolução não contradizem a lei cristã

30-10-2014
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O Papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (27), durante discurso na Pontifícia Academia de Ciências, que a Teoria da Evolução e o Big Bang são reais e criticou a interpretação das pessoas que leem o Gênesis, livro da Bíblia, achando que Deus "tenha agido como um mago, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas".

Segundo ele, a criação do mundo "não é obra do caos, mas deriva de um princípio supremo que cria por amor". "O Big Bang não contradiz a intervenção criadora, mas a exige", disse o pontífice na inauguração de um busto de bronze em homenagem ao Papa Emérito Bento XVI.

O Big Bang é, segundo aceita a maior parte da comunidade científica, a explosão ocorrida há cerca de 13,8 bilhões de anos que deu origem à expansão do Universo. Já a Teoria da Evolução, iniciada pelo britânico Charles Darwin (1809-1882), que prega que os seres vivos não são imutáveis e se transformam de acordo com sua melhor adaptação ao meio ambiente, pela seleção natural.

O Papa acrescentou dizendo que a "evolução da natureza não é incompatível com a noção de criação, pois exige a criação de seres que evoluem".

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Ele criticou que quando as pessoas leem o livro do Gênesis, sobre como foi a origem do mundo, pensam que Deus tenha agido como um mago. "Mas não é assim", explica.

Segundo Francisco, o homem foi criado com uma característica especial – a liberdade – e recebe a incumbência de proteger a criação, mas quando a liberdade se torna autonomia, destrói a criação e homem assume o lugar do criador.

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"Ao cientista, portanto, sobretudo ao cientista cristão, corresponde a atitude de interrogar-se sobre o futuro da humanidade e da Terra; de construir um mundo humano para todas as pessoas e não para um grupo ou uma classe de privilegiados", concluiu o pontífice.

Fonte: G1  -  Enviado pelo amigo Nuno Rafael Miranda.

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Por Dilson Kutscher

SÓ RESTA DIZER NOVAMENTE O SEGUINTE...

São Pio X ensina que os inimigos da revelação divina ao exaltar o progresso humano, visam introduzir na religião católica um aperfeiçoamento puramente humano, pois julgam que a revelação não é perfeita e, por isso, está sujeita ao progresso contínuo da razão.

Em sua Carta Encíclica, Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 1907, na qual ele condenou a heresia do modernismo, o Papa São Pio X escreveu que os hereges “não estavam apenas dentre os inimigos declarados da Igreja; mas, o que é mais assustador e deplorável é que eles estavam em seu próprio seio.” Ele chama esses modernistas de “os mais perniciosos de todos os adversários da Igreja”. Salienta que eles buscam destruir a Igreja a partir de dentro e escreve que esse perigo “está presente quase nas próprias veias e coração da Igreja.”

"Se um futuro Papa ensinar algo contrário à Fé Católica, não o sigam." - Papa Pio IX, Carta ao Bispo Brizen, citado em "In His Name", E. Christopher Reyes, 2010

Diz na Sagrada Escritura:

"Ai de vós, filhos rebeldes! - oráculo de Javé. Fazeis planos que não nascem de Mim, fazeis acordos sem a minha inspiração, de maneira que amontoais erros e mais erros". (Isaías 30,1)

"Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te". (Apocalipse 3, 15 -16)

Declarou o Arcebispo  francês Marcel Lefebvre

Em Homilia proferida em Lille, em 29 de agosto de 1976.

E é por isso que não estamos no cisma, somos os continuadores da Igreja católica. São aqueles que fazem as novidades que estão no cisma. Nós continuamos a Tradição, e é por isso que devemos confiar, não devemos nos desesperar mesmo diante da situação atual, devemos manter, manter nossa fé, manter nossos sacramentos, apoiados sobre vinte séculos de tradição, apoiados sobre vinte séculos de santidade da Igreja, de fé da Igreja.

Alguns jornalistas me perguntaram por vezes: “Monsenhor, o senhor se sente isolado?”. “De modo algum, de modo algum, não me sinto isolado, estou com vinte séculos de Igreja, e estou com todos os santos do céu!”

O monge e sacerdote Abba Pambo, profetizou no ano de 340, sobre a Igreja no fim dos tempos...

O clero cairá em anarquia e os monges serão dados à negligência. Os líderes da Igreja tomarão como inútil tudo que é relacionado à salvação, tanto para as suas próprias como as do rebanho. e eles vão desprezar qualquer preocupação com o sagrado.

Eles serão preguiçosos nas orações e casuais em suas críticas. Em relação a vida e ensinamentos dos Santos Padres, eles não demonstrarão qualquer interesse em imitá-los, e nem mesmo de ouvi-los.

E os bispos se renderão aos poderes do mundo, dando respostas para diferentes questões apenas após receber presentes de qualquer um e consultar a lógica dos letrados. Eles não defenderão os direitos dos pobres, atormentarão as viúvas e molestarão as crianças. O escárnio se espalhará entre essas pessoas. Muitos já não acreditarão em Deus, mas odiarão uns aos outros e se devorarão como bestas. Irão roubar uns dos outros, serão bêbados e caminharão como cegos.

O discípulo perguntou: O que nós poderemos fazer, neste caso? E o Ancião Pambo respondeu: Meu filho, nestes tempos todo aquele que desejar salvar sua alma e ajudar a salvar a alma dos outros será chamado grande no Reino dos Céus.


fonte: www.rainhamaria.com.br

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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Dos vossos votos, bem como de todas as vossas ações, Deus irá pedir contas!

domingo, 26 de outubro de 2014  
Dos vossos votos, bem como de todas as vossas ações, Deus irá pedir contas!  



"Dos vossos votos, bem como de todas as vossas ações, Deus irá pedir contas. O direito de votar é muito mais vinculante à consciência, porque é de seu bom ou mau exercício que dependem os mais graves interesses do País e da Religião" (vide)

Nada, nessas eleições (se é que houve!), está dentro da normalidade! E Dilma ganhou - de novo - em um País supostamente de maioria cristã, e apesar de todas as evidências de corrupção e de crimes eleitorais!  

Os católicos que votaram na Dilma têm contas para prestar a Deus, mas os que votaram em branco ou nulo (totalizando 6%) ou se abstiveram de votar (21,5%), alegando qualquer desculpa esfarrapada para justificar sua COVARDIA, estão em uma situação bem pior, pois os mornos serão vomitados. 

"Será melhor dar o voto para candidatos que, mesmo não satisfazendo completamente todas nossas legítimas demandas, nos levariam a esperar deles uma linha de conduta útil para o País, do que confiar nossos votos a outros cujo programa possa ser mais perfeito, mas cuja derrota quase certa poderia abrir as portas para os inimigos da religião e da ordem social." (Leia mais aqui).

E graças à covardia de quase 28% de "eleitores" (um terço dos votos, ou 37 milhões), não apenas a Dilma se reelegeu, mas o plano de poder da esquerda, no Brasil e na América Latina, vai ser levado a termo. 

Romantismo não deveria habitar o coração cristão! E vi romantismo no primeiro turno, quando muitos jogaram fora os votos em Levy ou em algum outro "nanico" que claramente não tinha chance alguma de vitória. E vi romantismo no segundo turno em alguns e-mails que recebi. Lamentável!

Contudo, eu tenho para mim que já somos uma Venezuela, e que não houve eleição alguma, hoje, no Brasil. As denúncias de fraudes nas urnas se repetem na web. Um mesário afirmou que a urna que abriram já tinha 400 votos para Dilma e que tentou denunciar, mas "não deixaram". Vários eleitores denunciaram que alguém já tinha votado em seu lugar, embora não houvesse a assinatura correspondente. No Pernambuco, Estado de Campos, que, com sua morte, catapultou o candidato ao Governo do Estado ao primeiro lugar, a Dilma teve 70% dos votos: parece DEBOCHE! E a decisão do presidente do TSE, ex-advogado do PT, de liberar os votos apenas às 20h, por causa do Acre e do horário de verão - como se isso fosse novidade nas eleições brasileiras - causa uma estranheza e uma perplexidade indiscutíveis! As pesquisas de boca de urna - aquelas feitas logo depois que os eleitores votam - davam uma vantagem clara para o Aécio. No primeiro turno, 62% dos votos foram CONTRA Dilma... Como é que ela "ganha" com mais de 50%? Onde está a festa nas ruas? Nas ruas... um silêncio sepulcral. Até agora.

Nada, nessas eleições, está dentro da normalidade! Deus nos proteja das consequências que advirão disso: descriminalização do aborto (ABORTO LIVRE), criminalização da "homofobia" (MORDAÇA AOS CRISTÃOS), restrições cada vez maiores aos cristãos, em particular, e a toda a Nação brasileira, no geral, a começar pela mídia. A "Veja" que o diga!

Esta é a vontade de Deus. Deus permite o mal para nos testar, para nos fortalecer ou para nos castigar. A reflexão que fica é que os cristãos, suposta maioria neste País, falharam.  


Giulia d'Amore


Fonte:http://farfalline.blogspot.com.br/2014/10/dos-vossos-votos-bem-como-de-todas-as.html